Cadeirantes sofrem com estacionamentos irregulares na Ilha

RIO DE JANEIRO – Há alguns anos, é possível observar irregularidades no estacionamento de veículos na Ilha do Governador. Essa infração que condutores cometem para se beneficiar, acaba prejudicando muitos pedestres, sobretudo os que possuem necessidades especiais. Os cadeirantes, por exemplo, quando se deparam com esta situação, precisam invadir a rua para poder passar, correndo risco de sofrerem um acidente grave.

Roberto Alves de Souza, de 73 anos, é morador da Ilha desde que nasceu, mas começou a andar de cadeira de rodas aos 49 anos devido à perda de uma perna em um acidente. Ele comenta sobre a dificuldade de locomoção pelo bairro:

“Nós, cadeirantes, já temos muitas limitações, então ter que lidar com essa situação nas ruas torna tudo ainda mais complicado, ainda mais quando estamos sozinhos”, afirma.

Roberto Souza em casa na cadeira de rodas (Foto: Caique Rocha/Esquina Jornal)

Sobre as tentativas de contato com órgãos públicos, a Prefeitura do Rio não respondeu ao nosso contato., Os atendimentos presenciais na Ilha do Governador pararam durante a pandemia e não retornaram. Então, para os moradores, conseguir contato e principalmente uma solução é quase impossível. O morador Athos Meirelles da Cruz, de 33 anos, conta:

“Sou cadeirante há 18 anos e nunca encontrei solução com eles (Prefeitura), então o que me restou foi contratar um rapaz que me guia por todos os cantos que eu preciso ir, o Gilson, já que as minhas limitações são extremas”, desabafa Athos.

Athos Meirelles e Gilson, seu guia em 2017 (Foto: Acervo\Enrico Accetta)

Consequentemente, acidentes podem acontecer devido a falta de acessibilidade nas ruas. Na Rua Maciel Monteiro, uma ladeira é a preocupação dos PCDs, e os carros sempre estacionam na calçada dos dois lados. Tal prática obriga os pedestres a andarem por uma rua de paralelepípedo. O morador Renan Medeiros de Freitas, de 22 anos, conta sobre um acidente que presenciou:

“Uma vez estava descendo a ladeira de carro e vi minha prima de muletas ‘cortando’ os carros da calçada. Ela escorregou e caiu, só parou no final. Corri para oferecer socorro, mas ela sentia tanta dor que não conseguia se mexer, então teve que aguardar a chegada da ambulância”, relata.

Natasha Medeiros, prima de Renan (Foto: Acervo\Renan Medeiros)

Diante de toda essa situação caótica, é necessário exigir dos órgãos responsáveis uma explicação plausível para que novos acidentes não venham a acontecer. Abaixo, vemos como os carros dispõem nas principais ruas da Ilha do Governador.

Carros impedindo passagem de pedestres na Rua Capitão Barbosa, na Ilha (Foto: Caique Rocha/Esquina Jornal)

A moradora Maria José do Nascimento, de 81 anos, portadora de necessidades especiais utiliza muletas para se locomover. A idosa conta que já perdeu as esperanças de conseguir mudanças nas ruas do bairro, o que dificulta a vida dela e de muitos outros moradores.

O funcionário da Prefeitura Frederico Guerra da Cunha, de 61 anos, comenta sobre as condições precárias das ruas e calçadas da Ilha do Governador.

“Nós não temos recursos para construção de estacionamentos. Nem para comprar um lote, nem para alugar um espaço, a verba está escassa. O que pudermos fazer, iremos fazer, mas no momento certo para não atrapalhar o nosso planejamento”,

Para variar, não pode-se esperar nada de políticos, tendo em vista que a prioridade deles só é o cidadão quando eles precisam de votos.

Foto de capa: Caíque Araújo\ Esquina Jornal

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Por: Caique Araujo Rocha (Repórter) (Jornal Online)

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